SAÚDE E TRÂNSITO EM PETROLINA-PE: QUAL O “RETRATO” A PARTIR DOS DADOS DO HU-UNIVASF?
DOI:
https://doi.org/10.31692/2764-3433.v3i2.178Palavras-chave:
acidentes de trânsito, sistema único de saúde, vítimas de trânsitoResumo
Os sinistros de trânsito terrestre (STT) são eventos resultantes em dano ao veículo ou à sua carga e/ou em lesões a pessoas e/ou animais, cujas estatísticas apontam para um grave problema de saúde pública, tendo em vista os elevados índices de mortalidade, de incapacidade temporária ou permanente para as vítimas e dos custos para a seguridade social. Objetivo: Analisar os STT em Petrolina- PE e sua interface com a saúde. Metodologia: Estudo de natureza quantitativa, de cunho exploratório, de dados secundários (Série Histórica 2017 a 2022 dos STT) notificados pelo Hospital Universitário Dr. Washington Antônio de Barros (HU-UNIVASF), unidade de referência para atendimento de vítimas de 53 municípios que compõem a Macrorregião Interestadual de Saúde do Vale do São Francisco – Pernambuco e Bahia e, Unidade Sentinela de Informação sobre Acidentes de Trânsito Terrestre (USIATT) do Estado de Pernambuco. Resultados: A região de saúde ocupa o 2º lugar no ranking dos STT no Estado (22.963 notificações), ficando atrás somente da região metropolitana de Recife e 4º lugar em taxa de mortalidade (24,9%), com predominância dos casos no município de Petrolina (70,9%), entre os sete municípios que compreendem a VIII Gerência Regional de Saúde, com redução apenas no ano de 2020, aspecto relacionado ao cenário da Pandemia da COVID 19, porém, com crescimento de 77% e 72%, respectivamente, em 2021 e 2022. Envolvem motocicletas em sua maioria (74%) e zona urbana (62,2%). Entretanto, esse último dado pode mascarar a realidade na zona rural, tendo em vista que a baixa atuação estatal na fiscalização deste espaço, associado à existência de subnotificação e inconsistência de dados quanto à informação exata do local de ocorrência do sinistro, para além da notificação em casos de sinistros sem atendimento hospitalar, uma vez que a notificação é realizada neste ambiente de promoção de cuidado em saúde. Há uma predominância do sexo masculino (74%), com faixas etárias economicamente ativas (entre 20 e 29 e de 30 a 39 anos de idade), em sua maioria autodeclarada parda (95%), com maior incidência entre a sexta feira e o domingo. Conclusões: Os resultados reproduzem o grave problema de saúde pública, mas também a significativa preocupação tendo em vista a insuficiência de ações de fiscalização e educação no trânsito, associado a inexistência de ampliação dos serviços de saúde de assistência terciária, cujo número de leitos permanece o mesmo desde o ano de 2008, ocasionando as elevadas taxas de ocupação de leito no HU-UNIVASF (média de 140%). O território tem um risco potencial pois, Petrolina compõe uma Região Integrada de Desenvolvimento Econômico (RIDE), fazendo fronteira com o estado da Bahia, nas margens do Rio São Francisco, cujo modelo de desenvolvimento está voltado para a fruticultura irrigada de exportação, centrado nas rodovias para escoamento da produção, acrescido da circulação de pessoas nos serviços educacional, de saúde e comercial. Sendo assim, faz-se necessário políticas públicas que dialoguem transversalmente a mobilidade, a educação e uma das dimensões que compõem o desenvolvimento – a saúde – para viabilizar a sustentabilidade nesse território.
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