SAÚDE MENTAL NA ADOLESCÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS

Autores

  • VICTOR GAIGHER ONOFRE SOUZA
  • AMANDA PINHEIRO BEZERRA
  • AURINO HONORATO DE OLIVEIRA NETO
  • JOÃO VITOR DE AMORIM SILVA
  • NATÁLIA SOUZA SANTANA

DOI:

https://doi.org/10.31692/2764-3433.v3i2.176

Palavras-chave:

adolescência, ansiedade, depressão

Resumo

As mudanças físicas e biológicas da adolescência são visíveis e universais; no entanto, as transformações mentais, comportamentais e sociais da adolescência são vivenciadas de forma singular por cada adolescente e são influenciadas por aspectos individuais, familiares, culturais e sociais. Essas transformações entre a infância e a vida adulta são vivenciadas pelo adolescente como uma crise, que é uma característica comum do desenvolvimento psicossocial; porém, muitas vezes, são consideradas estados psicopatológicos. Objetivo: avaliar a saúde mental de adolescentes e os fatores associados. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, descritivo, que foi realizado no ambulatório de adolescentes do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no período de maio de 2023 a abril de 2024. O instrumento da coleta de dados foi composto por variáveis socioeconômicas e demográficas e do contexto familiar. Para avaliar a saúde mental foram utilizados dois instrumentos: a) o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), instrumento elaborado pela Organização Mundial de Saúde para triagem de transtornos mentais comuns (TMC), composto por vinte questões do tipo sim-não, sendo quatro sobre sintomas físicos e dezesseis sobre sintomas de depressão e ansiedade; b) o Questionário de Capacidades e Dificuldades (Strengths and Difficulties Questionnaire – SDQ, que rastreia comportamento pró-social, hiperatividade, problemas emocionais, problemas de conduta e problemas de relacionamento com os colegas. Resultados: Foram avaliados 53 adolescentes, a maioria com idade entre 10 e 14 anos (64,2%), autodeclarados de raça preta e parda (76,2%) e com ensino fundamental completo ou cursando o fundamental 2 (78,9%). Com relação aos hábitos, 37,5% referem roer unhas; 22,6% dormem menos que 8 horas; 56,6% têm tempo de tela = 4 horas por dia e 25,5% usam bebidas alcoólicas. As experiências da vida mostram que 20% referem relação ruim com os pais, com 13,7% relatando violência psicológica e 11,8%, violência física. Essas situações são consideradas experiências adversas, que podem desencadear estresse tóxico e vários impactos negativos tanto na saúde física quanto na saúde mental, e também comportamentos de risco. Foram identificados 15,4% adolescentes que já tiveram ideia de fugir de casa, 7,6% que já tiveram ideação suicida e 5,7% que já tentaram suicídio. Na avaliação da saúde mental, 26% dos adolescentes apresentaram transtornos mentais comuns, 21% apresentaram problemas comportamentais e emocionais e 17% pontuaram positivamente para ambas as condições. Na análise não ajustada, os fatores associados aos problemas de saúde mental foram: raça/cor da pele branca (OR=5,4; IC95%:1,2-2,4; p=0,03); uso de álcool (OR=3,8, IC95%:1,0-14,1; p=0,05); a ideia de fugir de casa (OR=5,0; IC95%:1,0-24,4; p=0,047); ter a experiência de violência psicológica em casa (OR=7,5; IC95%:1,3-44,3; p=0,026). A violência física, apesar de apresentar uma chance 5,5 vezes maior para problemas mentais, não apresentou significância estatística (IC95%:0,9-33,9; p=0,067). Conclusões: É evidente a alta prevalência de transtornos mentais durante a adolescência, mas como nessa fase muitos sintomas mentais são considerados problemas típicos da idade, é importante que os profissionais de saúde estejam atentos para identificar precocemente problemas na saúde mental e os fatores associados para possibilitar intervenções adequadas e redução do impacto no desenvolvimento psicossocial dos adolescentes.

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Publicado

09-11-2024

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