TUBERCULOSE EM PERNAMBUCO, QUAL FOI O IMPACTO DURANTE A PANDEMIA DA COVID 19?

Abstract

A tuberculose (TB) é uma doença transmissível e uma das 10 principais causas de morte em todo o mundo, além de ser a principal causa de morte por um único agente infeccioso. A transmissão ocorre exclusivamente através da infecção por gotículas. A doença tipicamente afeta os pulmões, mas também pode afetar outros locais. É uma doença curável e evitável. Em 2019, no mundo, estima-se que 1,2 milhão de pessoas morreram devido à tuberculose. Com o advento da pandemia da COVID-19, decretada em fevereiro de 2020, os efeitos devastadores tiveram sua pior repercussão nas questões de saúde, não só devido à ampliação de leitos para suportar o aumento da demanda aos serviços, como também um impacto significativo nos programas de saúde pública de outras doenças. A pandemia reverteu anos de progresso na prestação de serviços essenciais de TB e na redução da carga da doença. O Brasil continua entre os 30 países de alta carga para a TB e Pernambuco é o 5º Estado do Brasil com maior incidência e o 4º Estado com maior coeficiente de mortalidade. Objetivo: Analisar as mudanças dos indicadores epidemiológicos da tuberculose no estado de Pernambuco entre os anos de 2018 e 2021. Métodos: Estudo transversal, analítico e retrospectivo que utilizou o banco de dados do Sistema de Informação de Agravos e Notificação do Estado. Foi realizado um procedimento comparativo-estatístico e teste de diferença de médias, e os períodos analisados foram o pré-pandêmico (2018 e 2019) e o período pandêmico (2020 a 2021) da COVID-19. Utilizou-se também o teste de Chow para fazer uma análise de predição, para averiguar qual seria o comportamento esperado dos indicadores na hipótese de não ocorrência da pandemia. Resultados: Entre os anos de 2018 e 2021, foram confirmados 19.869 casos de TB no Estado de Pernambuco. Na comparação entre o período pré-pandêmico e o período pandêmico, constatou-se que houve uma redução da taxa de incidência da TB (cerca de 9%) entre o ano de 2019 e o ano de 2020; porém, do ano de 2020 para o ano de 2021, a taxa de incidência subiu, sugerindo que a queda registrada no ano de 2020 esteve relacionada à subnotificação dos casos de TB. Identificou-se também, entre os dois períodos, um aumento do abandono do tratamento (reduziu 9%), queda da taxa de cura (em torno de 10%) e da cobertura do tratamento diretamente observado (reduziu 13%). Com relação a predição, foi verificado o impacto que a pandemia ocasionou nos indicadores da tuberculose, reduzindo a taxa de mortalidade, percentual de cura, percentual de TDO e incidência, além do aumento da taxa de abandono. Conclusões: Os resultados deste estudo sugerem que a pandemia impactou negativamente e de forma expressiva nos principais indicadores epidemiológicos da TB em Pernambuco, o estudo da predição também direciona para uma possível subnotificação dos casos, o que reflete diretamente na necessidade de aumento dos esforços necessários para a operacionalização das ações de gestão de controle do programa nacional da tuberculose, com o intuito de reverter o cenário deixado pós-pandemia.